Quando usar derivativos para proteção de riscos empresariais
Este artigo trata de uma importante questão: a gestão de risco empresarial. O assunto é especialmente importante porque estudos mostram que ainda poucas empresas usam derivativos no Brasil para proteção de riscos empresariais. Abaixo vamos descrever em quais situações as empresas devem usar derivativos para proteção de riscos empresariais:
A empresa não tem hedge natural
O exemplo clássico de hedge natural é de uma exportadora localizada no Brasil com dívidas em dólar. Se o câmbio brasileiro desvalorizar, a exportadora ganha mais nas exportações, o que compensa as perdas com o aumento da dívida em dólar. Porém, nem todos têm hedge natural para o câmbio, muitos têm dívida em moeda estrangeira e receita em reais. Além disso, é muito raro empresas terem hedge natural para o preço de commodities e para juros.
“Só aposte o que você pode perder”
Não fazer hedge ou proteção com derivativos significa correr riscos. Correr risco de perder ou ganhar com o preço das commodities usadas como matérias prima, com a dívida em moeda estrangeira, ou com juros pós fixados. Se as perdas puderem comprometer os investimentos futuros da empresa, fragilizar significativamente as finanças da empresa, o que levaria a um aumento significativo dos juros pagos em novos empréstimos, a recomendação é “use derivativos para hedge”. Ou seja, como meu vô já dizia, “só aposte o que você pode perder”.
Analise se o hedge vai reduzir o imposto de renda no longo prazo
Vamos imaginar duas empresas, uma que faz hedge e a outra não. Na que faz hedge, o lucro antes do imposto de renda (LAIR) ou base de cálculo do IR todo ano é igual. Na que não faz hedge, o LAIR sobe e desce ano após ano por conta da oscilação de juros, commodities e câmbio. A empresa que faz hedge tende a pagar menos imposto de renda! Olhe abaixo um exemplo com números. Os números consideram que no Brasil a compensação de prejuízos acumulados é limitada a 30% do lucro real antes da compensação. No exemplo abaixo a empresa que faz hedge pagou 36% a menos de imposto de renda nos 6 anos, apesar da rentabilidade acumulada das empresas ser idêntica.
Empresa que faz Hedge | Empresa Sem Hedge | ||||||
LAIR | IR | LL | LAIR | IR | LL | ||
Ano 1 | 10 | -3 | 7 | 40 | -12 | 28 | |
Ano 2 | 10 | -3 | 7 | -20 | 0 | -20 | |
Ano 3 | 10 | -3 | 7 | 40 | -8 | 32 | |
Ano 4 | 10 | -3 | 7 | -20 | 0 | -20 | |
Ano 5 | 10 | -3 | 7 | 40 | -8 | 32 | |
Ano 6 | 10 | -3 | 7 | -20 | 0 | -20 | |
Total | 60 | -18 | 42 | 60 | -28 | 32 | |
* LAIR Lucro Antes do Imposto de Renda, IR é imposto de renda a pagar, LL é o lucro líquido | |||||||
O empresário acha que sabe a direção futura do câmbio, juros e preço de commodities
Neste caso, a empresa só precisa fazer o hedge quando a perspectiva para commodities, câmbio ou juros for negativa. Mas cuidado, os mercados são muito eficientes e incertos. A chance de acertar o que vai acontecer com câmbio, juros e commodities no longo prazo é igual a ganhar na Mega Sena. Portanto, considere fazer hedge sempre e independente da perspectiva futura.
Finalmente, de modo geral as empresas deveriam fazer hedge sempre pois isso traz mais estabilidade nos resultados, tranquilidade para os stakeholders da empresa, e melhora a nota de crédito (credit score) da empresa junto a instituições financeiras. Empresas que são fortemente aconselhados a fazer hedge são aquelas que não tem hedge natural, que têm fôlego financeiro limitado, e cuja prática trará benefícios fiscais no longo prazo.
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